Passei muito tempo tendo medo de que nunca pudesse amar alguém daquela forma desesperada que via as pessoas me amando enquanto eu as mandava embora. E se eu assim como não consigo odiar absolutamente ninguém por mais do que cinco minutos também não conseguisse amar a alguém sofregamente com tudo que sou por mais do que dez minutos? Seria terrível. Meu coração virou um entra e sai, como a lanchonete do Vandinho: sempre movimentada, sempre com bom atendimento, sempre com pessoas legais passando por lá, mas nem os funcionários são os mesmos. O que de fato seria perfeito se não fosse esse terrível medo de que nunca pudesse amar alguém daquela forma desesperada: que me fizesse ridiculamente ciumento, embora em segredo; que me fizesse ridiculamente ingênuo, ridiculamente tímido, ridiculamente desprotegido. Por que desejar um amor assim? Porque quero da vida as intensidades!!!
Mas então aparece alguém... Um alguém que não sabe dividir comigo o que ela é, que não me diz o que gosta de fazer, que nem quer fazer comigo as coisas que eu gosto... Um alguém que acha imbecil qualquer hipótese de compromisso duradouro comigo... Um alguém que finge se arriscar, mas que de fato não se arrisca nem um centímetro por minha causa. E como que por maldição de todas as mulheres que já iludi na minha vida, é por essa pessoa que eu me apaixono a tal ponto que abandonei a minha velha agenda de telefones úteis. E eu tenho passado todos os meus últimos domingos e feriados embriagado por ela. Porém nutrindo sempre a esperança de que um dia ou vá esquecê-la ou vá convencê-la a viver plenamente comigo.
Enquanto isso tenho procurado nem escrever, para não ficar produzindo sentimentóides. Tenho trabalhado, estudado, trabalhado... E para me distrair comecei a pensar se existe mesmo um mundo espiritual, no que significa a morte, e outras coisas dessas simples perto do problema que é sentir o peito...