Autorias e Desencontros

Cortei o cabelo para ver se conseguia cortar outras coisas que estão me enrolando...

quarta-feira, 29 de abril de 2009

RESISTÊNCIAS

Havia um homem no restaurante dos Clarcks que lavava os pratos. Todos os outros que trabalhavam lá eram Clarcks. Disso ele sabia. E sabia que ele devia lavar os pratos. Mas o que fazia cada Clarck ele nunca fez questão de saber. Sabia quem era o Clarck dono do restaurante, mas o grau de parentesco de cada Clarck ele nunca sequer pensou em querer saber. Sabia que ele não era um Clarck. Tinha ao menos uma suposição: todos os Clarcks deviam achar o serviço de lavar pratos o mais enfadonho e cansativo entre os afazeres típicos de um restaurante, e por isso nenhum Clarck quis fazê-lo , e por isso o chamaram. Passava ele das seis da tarde às duas ou três da manhã lavando pratos. Por que o Clarck-dono não comprava uma máquina lava-louças? A máquina precisaria da mesma forma ser operada por alguém. A máquina ocuparia muito espaço. A máquina precisaria de conserto. A máquina faria barulho. O homem lavava os pratos de quinta a domingo. O homem lavava os pratos em pé, em frente à pia, em silêncio. O homem lavava os pratos no restaurante dos Clarcks. Mas nos dias de folga ele não tinha a mínima vontade de lavar seus próprios pratos. Nos dias de folga o homem que lavava pratos gastava todo o seu tempo procurando um verso novo para escrever; porque nisso, até enquanto lavava pratos no restaurante dos Clarcks, estava toda a sua vontade. E é para ele que eu escrevo mais este livro.
Paracambi, 21 de Abril de 2006.
P.S.: Este é o prefácio da minha nova série de poesias, que se chamará também de "Resistências"

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Você merece 9 Versos

Seu corpo
é o maior prazer do meu.
Cada detalhe me delicia...
Seu gozo me faz gozar.
Sua devoção
na busca pelo meu orgasmo
me faz gozar.
E o seu suor me explica
porque Deus fez o calor.

Quero amarrar você!!!

Eu te levo no Cine Íris
vestida de puta.
Mas me deixa te amarrar
na minha cama
no meu quarto,
cegar teus olhos
por alguns minutos
e oferecer teu corpo
a todos os meus novos amigos.
Eu encosto em outro cara
na mesma rua dentro de você,
mas me deixa te amarrar
na minha cama
no meu quarto,
e experimentar todo o seu corpo
com meu tato,
com meu paladar,
com meu olfato
e com os meus talheres.
Eu convido aquela moça
e misturo nossas salivas
com a sua seiva tímida,
mas me deixa te amarrar
na minha cama
no meu quarto,
poder te bater
ou te enforcar
com minhas juras de amor,
e dormir no seu abraço
com todos os meus pesadelos,
com minhas taras,
com meus medos,
e acreditar que sou feliz.

Maria dos Prazeres dos Santos

Depois
de uma boa comida
o corpo sente uma moleza,
uma vontade
de se deixar na cama
e de confessar amor
ao cozinheiro.
Durante
uma boa comida
a gente se esquece
da solidão e dos problemas,
e que o carnaval acaba terça
ao invés de durar o ano inteiro,
e a gene mal consegue se lembrar
de tudo aquilo que foi feito
Antes.

FIXAÇÃO oral

Eu caibo inteiro
dentro da sua boca.
Depois da sua voz
é que eu acordo.
Quando seus lábios
tremem chorando
sangra meu corpo.
Ontem eu queria
um grito seu,
ou quem sabe
uma mordida.
Nem todo céu
é o céu da boca,
mas o paraíso é nele.
Mastigo a saudade
que seu beijo me deixou,
durante a espera que
agora insiste em salivar.

a Minha cegonha

A sua mãe ficou de quatro
em cima da cama
e eu em pé no chão.
A sua mãe gozou
e queria parar.
Eu queria gozar também
e não deixei ela fugir.
Comecei a meter
com muita força e rápido;
e a sua mãe com uma cara
de quem não estava gostando,
o que na minha perversa tara
mais ainda me excitou.
O suor escorreu pelo meu corpo.
Aí eu gozei tremendo...
Mas quando tirei meu pau
de dentro da sua mãe,
a camisinha tinha estourado.