Autorias e Desencontros

Cortei o cabelo para ver se conseguia cortar outras coisas que estão me enrolando...

quarta-feira, 25 de junho de 2008

A loucura é o lugar do não-reconhecimento?

Aqui no Instituto de Psicologia tudo pode acontecer, todas as coisas são possíveis. Eu estava no banheiro amaradão mijando em um dos mictórios, feliz porque não tinha ninguém lá pra me dar aquela sensação do “Estão espionando o seu pau”, quando de repente entra uma garota. Ela branca ficou vermelha!!! E a urina me sumiu da bexiga. Pronto! Fez-se o primeiro constrangimento do dia. Depois disso eu tava novamente animado, devido a conversas empolgantes sobre militância, psicologia, cinema, literatura e Tim Maia. Lá estava eu matando aula quando uma menina da minha turma me avisa que era o dia do meu grupo apresentar trabalho, o que eu havia esquecido assim como todos os outros integrantes. Aí eu tive que implorar uma outra data para apresentar, já que ninguém do meu grupo estava presente. A professora até concordou, mas fez-se o segundo constrangimento do mesmo dia. Travei um imenso esforço intelectual na busca pelo esquecimento de tudo isso. Então, divaguei pensando no sorriso de Tereza. Ah... quê coisa deliciosa é vê-la alegre!!! Quase um mês fiquei sem falar com ela, tentando deixar de ser apaixonado por ela, e infelizmente ela nem percebeu que era por isso. Então, consegui vê-la de novo e todo encanto do mundo me abraçou. E assim sonhando me encaminhei para a próxima aula, que é a do cara que eu quero que seja meu orientador. Motivado pelo debate que tava rolando, resolvi falar. Aí, eu, acostumado a falar em público, que sempre falo na frente de qualquer um, eu gaguejei. E para completar meu terceiro constrangimento do dia: o professor pediu que eu repetisse porque me engasguei tanto que ele não entendeu nada do que eu disse. Olha, hoje, literalmente, não estou me reconhecendo, muito menos reconhecendo as outras coisas. Será que já enlouqueci.

Rio, 03/Junho/2008.

domingo, 1 de junho de 2008

O complô do Ar-Condicionado

Eu passei muito tempo tentando entender porque todo ar-condicionado do Instituto de Psicologia gela excessivamente independente de em qual temperatura você o programe. A primeira hipótese foi de que é um complô de uma maioria branca sobre a minoria negra, tão minoria que beira a inexistência aqui no instituto. Visto que os poucos negros demonstram sentir muito mais frio do que os muitos brancos. Mesmo sem ter descartado esta teoria, avancei para outra hipótese: é uma represália da burguesia contra a classe trabalhadora, já que é nítido que os pobres não estão adaptados ao uso constante do ar-condicionado. Mas agora estou convencido de que não é nada disso!!! A verdade é que o eterno defeito do ar-condicionado é uma ação erótica. Como eu não consegui perceber isso antes, issó é tão óbvio? O objetivo é manter os biquinhos dos peitinhos, peitões e peitos das alunas sempre ouriçados e quase furando as blusinhas. É um atentado terrorista erótico da minoria masculina do instituto sobre a maioria feminina. E uma afirmação da existência ainda de alguns homens heteros. Porém o tiro não apenas saiu pela culatra, mas pior do que isso: o feitiço se virou contra o feiticeiro! Não há mais como se concentrar nas aulas com tantos biquinhos espetando meus olhos, tantos biquinhos espetando minha imaginação! Ainda mais quando todos os pêlinhos do corpo de uma das donas de um par de biquinhos ouriçados também se arrepiam. Assim eu não me formo nunca!!!

Rio de Janeiro, 01 de Junho de 2008.

Pequeno Relatório de Produção

Meu conto tá saindo em doses homeopáticas. Como o veneno no almoço posto pela mulher para matar ao marido, que vai aos poucos invadindo o sangue. Como o sangue escorrendo nos pulsos do suicida, que vazando a alma esvai suas forças lentamente. E devagar como o meu primeiro beijo de língua, que se vai experimentando e descobrindo o que fazer, e aprendendo o que se gosta ou não gosta ou gosta mais disso do que daquilo, e percebendo que nada disso é constante nem imutável. E a cada linha ele avança. E a cada voz ele se aprofunda. Ainda que insista a impressão de nunca vou terminar de escrevê-lo. Enquanto tento continuar nisso estou cercado de mulheres nesse bar, e sinto cheiro de menstruação. Duas fumam, as outras não: ainda bem! Mas o melhor é que muitas delas são bonitas. E é isso que me deprime: tanta mulher gostosa no mundo e eu tenho apenas dois olhos para olhá-las. Ah... e tem a chuva também, a chuva de folhinhas dessa árvore que não sei o nome. São folhinhas tão pequenas... Mas deixem-me voltar ao conto!

Rio, 29/Maio/2008.