Autorias e Desencontros

Cortei o cabelo para ver se conseguia cortar outras coisas que estão me enrolando...

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Sobre o travesseiro

Uma noite ele dormiu com o travesseiro, e já na noite seguinte havia se tornado dificil dormir sem ele. Como seria possível ter passado tão rápido a depender de algo que de fato é dispensável na vida? A questão é que experimentou, e uma vez tendo experimentado aquela deliciosa sensação de conforto e aconchego, envolvido, entregue, imerso, provocada pelo travesseiro, dormir sem travesseiros havia se tornado tarefa difícil. Sim, não impossível, mas apenas difícil, que aliás era o que ele repetia constantemente para si mesmo. Se tantos anos vivera dormindo sem travesseiro algum, por que agora precisava de travesseiros? Sua inquietação aumentava profundamente na ausência do travesseiro. Revoltou-se então, não contra o fato de necessitar de travesseiros, mas com o travesseiro que provocou tal dependência nele. Entretanto, já era tarde demais: não apenas agora queria um travesseiro, desejava aquele travesseiro especificamente. O pior é que descobrir isso gerou nele inseguranças nunca antes sentidas, temia principalmente que o travesseiro não precisasse dele como ele dependia do travesseiro. E esse medo tornava-se certeza a cada noite em que o travesseiro não estava ao seu lado, mas nem assim conseguia desistir de querer o travesseiro.

3 comentários:

Anônimo disse...

o travesseiro ama ter alguem por perto, com a cabeça encostada, babando nele, parece até que quanto mais a gente baba, mais nosso ele é, mais intimo, com mais a nossa cara, tem gente que até coloca nome neles, como colocam nas mochilas que os acompanham pra todo lado, pra universidade, pro estagio, pro samba...
mas enfim, ainda bem que o travesseiro a gente não leva pro samba..rsrsrs
Bjos

Anônimo disse...

Me lembrei do Lino,amigo do Charlei Braw, que carregava seu cobertozinho para todos os lugares mesmo.E que mal há nisso? Sendo crianças ou adultos,acho legal termos afeto por determinadas coisas que nos trazem aconchego. Eu estou à procura de um travesseiro que seja confortável o suficiente a ponto de eu querer está sempre querendo voltar para ele,ou de tê-lo sempre ao meu lado.Não pode ser fofo demais nem duro demais,não quero que solte penas,mas que seja ideal para uma guerra e para o amor também.

Anônimo disse...

Uma vez tive um travesseiro que eu amava muito,mas foi difícil deixá-lo do jeito que eu queria.Sabe aquelas coisa que gostamos e levamos para casa,mas depois vemos que vão dar trabalho?Quando chegamos o deitei na cama, vi que não combinava com o lençol.Comprei um outro lençol.Nos primeiros meses me deixava com dor no pescoço,ou melhor no corpo todo;ainda não estávamos acostumados um com o outro,mas todo dia eu tentava.Dava socos nele,beijos,fazia coisa com ele que estou com vergonha de dizer aqui...Demorou muito,pois meu travesseiro era esquisitão sabe!Jogava ele fora da cama várias vezes e depois o trazia de volta, e insistia naquele mesmo travesseiro que tanto sono me tirou,pois também me proporcionou muitos sonhos lindos. Engraçado,já estava esquecendo dos sonhos...foram muitos mesmo e tenho saudades.O travesseiro não lembro que fim levou,acho que deixei em algumas das casas pelas quais passei, mas os sonhos estão todos guardados e vividos.