me vendo dançar
nesse mundo que
o senhor criou
o senhor deve gargalhar
me vendo brincar
tomando banho frio
nesse outono-inverno
me lixando pra
gripe, resfriado, pneumonia,
e o meu pau se encolhendo
o senhor deve até chorar
me vendo escrever
versos tristes sobre
não ter o amor
de nenhuma teresa
"nem de nenhum joão"¹
ao senhor que me assiste
nesse reality show
inventado por si mesmo
não dou minha vida
nem saio dela:
não quero te conhecer
pessoalmente ainda
¹Contribuição de Tati Ribeiro
Um comentário:
Meu caro Leomir, o que dizer sobre este poema? De certo, eu quereria dizer coisas concisas, citar teóricos para comparações: mas a que se chegaria? esse poema, Leomir, esse poema tocou-me, não saberei agora dizer como, e nem é a palavra o que tem importância - foi em Clarice que li?- o poema, esse poema me foi um enigma: mas já não estou precisando entender, eu senti, através de suas palavras eu senti - e me desconcertei. Quanto se tarda a voltar ao estado de lucidez depois de ler um poema?
Depois desse seu, saio daqui com um ponto de interrogação impresso na testa.
Grande abraço, Poeta Bohemio
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