Quanto tempo durou a queda? Tempo suficiente para que passasse por seus olhos sua vida inteira? Mas a pergunta era: Por quê? Todos queriam saber porque ele fez aquilo. Planejou tudo. Cada milímetro do caminho. Passou tantos meses juntando o dinheiro até comprar o túmulo. Mais outros para comprar o caixão. Como suportou durante quatrocentos e cinquenta e sete dias continuar com a idéia fixa de acabar com a merda que considerava ser a sua vida? Sei lá... Era preciso um último capricho: Ter um terno! Como não? O pai foi enterrado num lindo terno. O avô foi enterrado num lindo terno. Mas às vezes achava que foi o terno que enterrou a todos. Pela primeira e última vez na vida subiu os andares da faculdade, ao invés de esperar o tão sonhado elevador. O que pensou enquanto os passos iam surgindo? Vá saber... Chegou no décimo primeiro andar, o antro do seu curso, onde graduou-se pra felicidade da família. Por que pular logo dali? Ainda mais numa cidade repleta de pontes e de muros. Respirou fundo... Seria medo o que sentia? Ele não me contou! Tinha conta em três bancos, tratou de pagar o que devia e fechar as suas contas. Deixou pra filha uma poupança pequena e nenhuma casa própria, certamente pode-se dizer que foi um fracasso. Nenhuma carta! Nenhum email! Nada que protestasse!!! Contratou um grupo para tocar pela manhã na praça em frente, que acabou não tocando porque ninguém entendia como pensara naquilo. Pulou! E já com o terno. Pulou e logo caiu. Caiu e logo morreu. Ou será que havia morrido antes? Entre o salto e a queda não teve tempo nem sequer de ver sua vida correndo pelos seus olhos: ela já tinha saído muito antes.
2 comentários:
Meu querido.
Mais uma vezm fantástico!!!!!!!
Essa sua poesia,me faz refeltir, que muita das vezes nos deixamos morrer.E que pena que ninguém criar a puta da sencibilidade para perceber isso.E nos ajudar a encaminnhar a vida, ou seja, viver de novo.
Logo, o suicídio, só é a finalização de uma porcaria de vida.
Logo, como bons amigos não me deixe morrer, pelo caminho da vida pois é o mesmo que tenatrei fazer com você.Pois apesar desta bosta de vida, tão desigual.Tem coisa que vale muito apena, assim, como algumas aulas que comprtilhamos e a nossa incrvél amizade.
bjs
Há, apague o primeiro comentário que está cheio de erros de digitação,srsrsrs
Muito Bom.
Entretanto, você nos faz pensar, refletir pelo fatalismo. Do tipo: "Ok, parece que foi assim. Deve ter sido assim. Era quase o caminho inevitável"...
Senti falta da covardia...
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